Jejum de dopamina: a verdade por trás do método

O chamado jejum de dopamina se tornou popular nos últimos anos. O método parte da ideia de que poderíamos nos viciar em dopamina.

Esse neurotransmissor é produzido pelo nosso cérebro quando realizamos atividades prazerosas e de recompensa imediata. Por exemplo, usar redes sociais, jogar videogame ou comer um hambúrguer.

O problema é que a dopamina nos induz a buscar constantemente estímulos recompensadores. Isso significa que podemos querer repetir com frequência, atividades que geraram prazer, e isso pode ser ruim.

A solução para esse problema seria um jejum de dopamina. No entanto, as coisas não funcionam dessa maneira.

Neste artigo, vamos desvendar o que há por trás dessa ideia.

O papel da dopamina no nosso organismo

A dopamina é denominada por muitos como o “hormônio do prazer”. No entanto, esta é uma ideia errada.

Isso porque, esse neurotransmissor tem várias funções, que vão além do sistema de recompensa.

Por exemplo, a dopamina serve para mediar nosso controle e aprendizado motor. Ou seja, ela está envolvida nos movimentos que fazemos ou estamos aprendendo a fazer.

Se você está aprendendo a tocar um instrumento ou dirigir, a dopamina vai agir nesse processo de aprendizagem.

Além disso, a dopamina tem função de atuar na liberação de alguns hormônios no corpo.

Em resumo, esse neurotransmissor pode atuar de diversas maneiras. Tudo vai depender de qual área do cérebro ele vai agir.

A dopamina e o sistema de recompensa

Uma das diversas funções da dopamina é atuar no nosso sistema de recompensa. Nessa via de atuação, o neurotransmissor é liberado quando fazemos atividades que geram prazer.

Essa liberação serve para alterar nosso comportamento, nos induzindo a buscar constantemente aquele estímulo.

Essa é uma maneira que nosso cérebro tem de influenciar nosso comportamento e aprendizagem.

O jejum de dopamina tem sentido?

Com base no que foi dito até agora, a ideia do jejum de dopamina faz sentido. No entanto, nosso organismo é complexo.

Ficar sem realizar atividades prazerosas, que nos dão a sensação de recompensa imediata, não faz os níveis de dopamina diminuírem.

Como vimos, este neurotransmissor atua no nosso organismo de diversas maneiras. Isso significa que ele é muito importante para nós.

E ainda bem que não é possível reduzirmos os níveis de dopamina de forma proposital. Se isso ocorresse, poderíamos ter problemas sérios.

Em resumo, um jejum de dopamina não tem sentido. No entanto, há algumas coisas interessantes por trás do método.

Jejum de dopamina: uma ideia distorcida

Ilustração mostrando dois cientistas analisando moléculas em um cérebro.
Imagem: storyset no Freepik.

A ideia do jejum de dopamina nunca foi reduzir os níveis desse neurotransmissor no organismo. O próprio criador do método afirmou isso em um artigo do The New York Times.

A dopamina é apenas um mecanismo que explica como os vícios podem se tornar reforçados, e faz um título cativante. O título não deve ser interpretado de forma literal.

O jejum de dopamina tem como base a Terapia Cognitivo Comportamental. Um método que não tem nenhuma relação com níveis de dopamina.

O foco aqui é controlar os estímulos que nos levam a fazer certas atividades. Por exemplo, o que nos estimula a ficar horas nas redes sociais? É preciso ter o controle disso.

Muitas pessoas entenderam a ideia de forma errada. O termo “jejum de dopamina” contribui com essa confusão.

Esse problema tem levado muitas pessoas a agirem de forma desnecessária e, em alguns casos, prejudicial.

A base verdadeira do jejum de dopamina é o controle de estímulos ruins

O termo jejum de dopamina é equivocado. O próprio criador do método admite que usa a expressão por ser chamativa.

No entanto, a verdadeira ideia por trás do método original faz sentido. Em resumo, a proposta aqui é o controle de estímulos que nos induz a ter comportamentos nocivos.

Alguns comportamentos podem nos deixar angustiados ou interferir negativamente na nossa vida social e profissional. Nesse caso, precisamos controlar ou eliminar tais comportamentos. Isso pode ser feito através do controle de estímulos.

O que são estímulos

Estímulos são fatores ambientais, físicos ou sensoriais que desencadeiam uma resposta em um organismo. Isso pode incluir estímulos visuais, auditivos, táteis, gustativos, olfativos e outros tipos de entradas sensoriais que afetam as percepções e comportamentos das pessoas.

Por exemplo, para muitas pessoas, o som de notificação do smartphone é um estímulo para checar o smartphone. Dessa forma, esse pode também ser um estímulo para entrar nas redes sociais.

Esse é um exemplo de estímulo nocivo para quem é viciado em redes sociais. Afinal, isso vai tirar o foco e afetar a produtividade.

Controlando os estímulos

Controlar os estímulos que nos levam a comportamentos nocivos pode ser desafiador, mas existem estratégias eficazes para lidar com eles. Aqui estão algumas maneiras de controlar tais estímulos:

  • Identifique os gatilhos: Reconheça quais estímulos desencadeiam comportamentos prejudiciais. Esteja atento aos padrões e situações que levam a esses comportamentos.
  • Remova ou limite a exposição: Reduza a presença de estímulos desencadeadores. Isso pode significar evitar certos locais ou objetos que desencadeiam comportamentos indesejados, por exemplo.
  • Distração e substituição: Envolva-se em atividades alternativas e saudáveis sempre que sentir a tentação de se envolver no comportamento prejudicial. Substituir o comportamento prejudicial por algo positivo pode desviar a atenção do estímulo.

O equilíbrio é crucial

Se livrar de comportamentos verdadeiramente ruins é ótimo. No entanto, existem coisas que só são nocivas se feitas em excesso. Nesse caso, o controle é que faz sentido.

Por exemplo, jogar videogame demais é ruim. Afinal, você está deixando de fazer coisas importantes para isso.

Por outro lado, fazer isso em momentos específicos, e curtos, pode ser uma forma de lazer.

Em resumo, você não precisa se livrar de certos comportamentos. Apenas os mantenha sob controle.

Você pode jogar videogame, se fizer isso de forma equilibrada e por pouco tempo. Por exemplo, equilibrando isso com trabalho e diversas outras atividades saudáveis, como praticar um esporte.

Bons hábitos: a estratégia para uma vida equilibrada e produtiva

Ilustração mostrando um homem e uma mulher fazendo uma caminhada.
Imagem: storyset no Freepik.

Alguns adeptos do jejum de dopamina levam a ideia ao extremo. Por exemplo, há quem busque reduzir os estímulos ao máximo, evitando até mesmo ter contato com outras pessoas.

No entanto, interagir com outras pessoas ou comer um determinado alimento de vez em quando, não é ruim. Pelo contrário, isso faz parte de uma vida equilibrada.

Você não deve comer chocolate com frequência. No entanto, se você tem uma alimentação balanceada e pratica atividades físicas, não há problemas em comer um chocolate uma vez ou outra.

A chave para uma vida produtiva e saudável é se cultivar bons hábitos e ter equilíbrio.

Essa é a verdadeira ideia do jejum de dopamina. Infelizmente as pessoas interpretaram o método de forma errada, e o termo contribui com isso.

Conclusão

A verdadeira ideia por trás do jejum de dopamina faz sentido, e pode nos ajudar a ter uma vida melhor e mais produtiva. No entanto, esse fato não está relacionado à redução dos níveis de dopamina no organismo. Em vez disso, está ligado aos nossos hábitos. Por isso, como o próprio criador do método afirma, não interprete o termo de forma literal.

Ideias erradas relacionadas com o método podem ter um efeito nocivo nas nossas vidas. O crucial para uma vida saudável são bons hábitos e equilíbrio.

Imagem da capa: storyset no Freepik.

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Foto do perfil do criador do blog, Samuel Baracho.
Samuel Baracho

Vivendo os desafios do dia a dia, e aprendendo algumas coisas nessa jornada. Aqui eu compartilho experiências e informações que podem ser úteis para outras pessoas, ou não.

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